"Violinistas são raridade na música popular brasileira. A começar, porque precisam vencer resistências dos que insistem em prender o instrumento à área erudita. Mesmo um artista como o porto-alegrense Felipe Karam, filho e irmão de músicos, que lê música desde os seis anos, teve de ir forçando as barras até chegar a seu primeiro disco solo, o surpreendente (pela novidade e abrangência) De Sol a Sol.
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De Sol a Sol começa com Ingênuo, de Pixinguinha, em solo de violino de cinco cordas – você nunca ouviu um choro tocado assim. Depois vem um choro “normal”, com grupo, Espinha de Bacalhau (Severino Araújo); um baião com choro e jazz, Bom Pra Karam (Samuca do Acordeon); a lírica valsa-seresteira Menina Ilza (Hermeto), com violino, cello e baixo; o empolgante frevo De Sol a Sol.
E tem mais: forró, folclore celta, balada, jazz, xote nordestino, uma combinação de música turca com música do leste europeu (Sete Velas, com Flávia Domingues, mãe de Karam, tocando alaúde).
Entre os muito bons músicos, Neemias Santos (piano), Everson Vargas (baixo acústico), Luiz Morais (violão 7) e Sandro Bonato (bateria). Um disco também raro, candidato sério ao Prêmio Açorianos.
Juarez Fonsceca - Crítico musical, publicado no Jornal Zero Hora, 16/11/18, Porto Alegre-RS, Brasil.